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quinta-feira, 5 de junho de 2014

Dia do Meio Ambiente - Preocupação da sociedade com planeta leva empresas a investir em projetos sustentáveis - O Globo

Novo ciclo produtivo reduz impacto ambiental e cria parcerias com comunidades onde atuam

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Extrativistas em Moju, no Pará: troca de conhecimento com comunidades tradicionais - Divulgação/Natura
RIO - O planeta no centro do debate. Um relatório da consultoria internacional Euromonitor, especializada em pesquisas de mercado, traçou um panorama sobre como os consumidores globais se comportariam ao longo de 2014. Dos dez capítulos, um foi dedicado à sustentabilidade, com números que refletem a preocupação ambiental. Segundo o documento, publicado no início do ano, cerca de 65% das pessoas procuram ter atitude positiva em relação à natureza. Metade delas está preocupada com as mudanças climáticas.
A busca pelo termo “aquecimento global” esteve entre as dez mais populares no Google no ano passado. O mercado já percebeu que adotar o “verde”, em vez de tratar disso como um diferencial, virou questão de sobrevivência. No Brasil, duas empresas - a Natura e a BRF (Brasil Foods, de marcas como Sadia, Batavo e Elegê) - figuram entre as cem mais sustentáveis do mundo, em lista feita da consultora canadense Corporate Knights. Fora do âmbito das multinacionais, a crescente consciência ambiental leva ao surgimento de novos negócios. Pequenas firmas, dedicadas a áreas como a de energia solar, ganham corpo e interesse.

Pesquisadora da Euromonitor no Brasil, Renata Benites acredita que a preocupação com o desenvolvimento sustentável entrou de vez na agenda da sociedade quando ficou claro que os recursos do planeta não são infinitos.
- Daqui a algum tempo não existirão mais maneiras de sustentar o consumo desenfreado - alerta. - Aqui, algumas empresas se esforçam para não agredir o meio ambiente, aumentando o uso de materiais provenientes de fontes renováveis nas embalagens, como o plástico verde.
Cutias do projeto Refauna na Floresta da Tijuca - Márcia Foletto / Agência O Globo
Dario Menezes, professor de Sustentabilidade Empresarial do Ibmec e diretor do Reputation Institute, reforça que as empresas devem repensar a sua cadeia de produção, da extração de matérias-primas à educação de comunidades com as quais têm parceria. Projetos como a reintrodução de cutias no Parque da Tijuca, patrocinado pela Fundação Grupo Boticário, não só fazem bem ao ecossistema como também proporcionam novas pesquisas científicas. A iniciativa, que reinseriu o animal na floresta, é conduzida em parceria com duas universidades federais.
- O brasileiro é interessado na discussão ambiental - assegura Menezes. - É um tema cada vez mais próximo, seja pela escassez de água ou pelo aumento das temperaturas. As empresas precisarão se redesenhar.
Veterana no mercado verde, a Natura cria suas linhas a partir de matéria-prima fornecida por 32 comunidades, a maioria na Amazônia. A extração é compensada com projetos que mantêm a floresta em pé.
- A Natura ganha com o recurso que vende; as comunidades, com o fornecimento de matéria-prima, que é processada dentro da fábrica até chegarmos ao produto final - descreve Denise Alves, diretora de Sustentabilidade da empresa. - Usamos o conhecimento tradicional dessas populações e patrocinamos projetos com contrapartida ambiental e social.
Outra referência nacional é a BRF. Nos últimos anos, a empresa está reutilizando cerca de 15 bilhões de litros de água por ano, o suficiente para abastecer uma cidade de 210 mil habitantes.
- Devolvemos ao meio ambiente cerca de 90% da água que captamos - destaca Luciana Ueda, gerente executiva de Sustentabilidade da companhia. - Estamos entre as cem empresas mais sustentáveis do mundo porque investimos, por exemplo, R$ 212 milhões em tratamento e destinação de resíduos.
Mesmo mercados tradicionalmente poluentes já tentam limpar a sua imagem. O setor automobilístico, que é considerado um dos principais emissores de gases de efeito estufa, adotou reciclagem como palavra de ordem.
A Fiat dedica, em sua fábrica em Betim (MG), um espaço de 20 mil metros quadrados para reciclar 95% e reaproveitar 5% dos resíduos gerados durante a produção dos automóveis. Passam por ali madeira, papel, chapas de aço, plástico e isopor - esse, aliás, é processado e transformado em matéria-prima para a produção de materiais como capas de CD e tubos de caneta.
- Nosso mercado é cada vez mais competitivo, então precisamos buscar formas inovadoras de atuação social e que sejam ambientalmente responsáveis - lembra o gerente de Sustentabilidade da Fiat Chrysler na América Latina, Cristiano Félix. - Já registramos queda contínua de indicadores de consumo de água e de energia elétrica para cada veículo produzido.

Abertura de novos mercados

A mineração também é considerada uma das atividades mais destrutivas ao meio ambiente - entre outros motivos, pela imensa quantidade de resíduos deixados durante a extração do minério, além do risco de poluição de lençóis freáticos. É difícil driblar as ressalvas dos ambientalistas, mas as mineradoras tentam se redimir. A Vale anunciou políticas de sustentabilidade nas áreas em que atua, como a Floresta Nacional de Parauapebas, no Pará. A companhia também criou reservas em ecossistemas de Minas Gerais, o que, segundo a empresa, levou à preservação da nascente de rios e ao abastecimento de diversos municípios.
- Estamos protegendo uma biodiversidade riquíssima contra a desconfiguração ambiental no entorno - defende Gleuza Jesué, diretora de meio ambiente da Vale. - A sociedade não está preocupada apenas com a maneira como retiramos o minério do subsolo, mas como ele vai ser tratado, o respeito aos locais onde atuamos.
O Instituto Ethos, especializado em responsabilidade social, está reunindo 91 grandes e pequenas empresas para criar novos modelos de negócio, com maior preocupação ambiental.
- Hoje vivemos o que chamamos de “oceano vermelho”, ou seja, quando todas as empresas disputam o mercado de maneira predatória - descreve o presidente do instituto, Jorge Abrahão. - Mas os novos negócios, que nascem sustentáveis, ainda não funcionam bem. Eles são tão inovadores que parecem muito arriscados.
- A insegurança jurídica e a falta de regulações atrasam a criação de empresas sustentáveis - completa Henrique Lian, diretor executivo de comunicação e relações institucionais da entidade. - Sem estas garantias, um produto feito de uma forma ambientalmente correta torna-se mais caro e menos competitivo.
Entre os mercados emergentes está o da energia solar. Há pelo menos três empresas no Rio dedicadas à instalação de painéis de estruturas no telhado de prédios e residências, garantindo que eles produzam sua própria energia.
- Temos apenas dois anos de funcionamento e só conhecemos três empresas que fazem o mesmo serviço no Rio - revela Guilherme Syrkis, cofundador da Metasolar. - É um mercado que ainda precisa de subsídios. Mas tenho certeza de que, nos próximos anos, a energia solar será aqui uma forte alternativa à elétrica, assim como já ocorre na Europa.
Estação de Tratamento de Água da BRF em Capinzal, Santa Catarina - Divulgação/BRF

Financiamento para projetos

A Fundação Grupo Boticário, ligada a uma empresa comercial, tem autonomia para financiar cerca de 1,5 mil projetos ligados à preservação da biodiversidade, criados por universidades e pela iniciativa privada.
- As empresas estão avançando no trato ao meio ambiente - elogia Malu Nunes, diretora executiva da fundação. - A iniciativa privada já sabe que ameaçar ecossistemas prejudica, por exemplo, o abastecimento de água, o que causa impacto negativo em seus negócios.
Entre os programas apoiados pela fundação está a reintrodução das cutias no Parque Nacional da Tijuca, um trabalho conduzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
- As cutias não eram vistas há décadas na floresta, e são animais importantes, porque enterram sementes e contribuem para a recomposição da vegetação - explica Alexandra Pires, professora da UFRRJ. - Trouxemos alguns casais do Campo de Santana, no Centro do Rio, e estamos monitorando sua reintrodução no parque, que deve ser lenta, para que elas se adaptem ao habitat.

Texto e imagens extraídos do site O Globo.


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