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sexta-feira, 4 de julho de 2014

Engenheiros explicam o que pode ter causado desabamento de viaduto em BH - Veja.com com participação de MSc. Cristiana Furlan Caporrino

Minas Gerais

Erros de projeto, cálculo, construção ou fiscalização estão entre os prováveis motivos do acidente que provocou ao menos duas mortes e deixou 22 feridos














A queda de um viaduto em construção na Avenida Pedro I, em Belo Horizonte, matou pelo menos duas pessoas e deixou outras 22 feridas. Dois caminhões, um micro-ônibus e um carro foram esmagados pela estrutura. O local do acidente fica a cerca de cinco quilômetros do estádio do Mineirão, que recebe na próxima terça-feira um dos jogos das semifinais da Copa do Mundo, e a dez quilômetros do Centro de Treinamento do Atlético-MG, onde a seleção argentina está concentrada. 
O site de VEJA ouviu engenheiros civis para saber quais podem ser as causas do acidente. "Um viaduto não cai por acaso. Antes de desabar, ele daria sinais de que há problemas", afirma Kurt Amann, coordenador do curso de engenharia civil do Centro Universitário da FEI.
O viaduto Batalha dos Guararapes começou a ser construído há um ano, estava em fase final de acabamento e seria inaugurado no fim de julho. Segundo informações do jornal Estado de Minas, testemunhas disseram que o viaduto caiu quando os operários retiravam as escoras da estrutura. 

Em comunicado à imprensa, a prefeitura de Belo Horizonte informou que um comitê composto por técnicos da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, da Defesa Civil, da Cowan, construtora responsável pelas obras, e da Consol, empresa responsável pelo projeto, foi convocado para fazer um levantamento dos dados que envolvem o acidente, elaborar um diagnóstico das causas e definir as providências que serão tomadas.

Cinco possíveis causas para a queda do viaduto em BH

Erro de projeto ou de cálculo estrutural


Durante e elaboração do projeto, os engenheiros calculam a estrutura da fundação, pilares, vigas e lajes. A partir disso, determinam a quantidade de ferro e concreto que será usada, além de determinar o tempo que o concreto necessita para criar resistência, chamado tempo de cura. Um erro de cálculo aumenta o risco de dano e ruína na estrutura da obra. Trata-se, porém, de uma falha rara. "Esses erros são facilmente detectáveis e, por isso, não costumam acontecer", afirma o engenheiro civil e consultor Rubens Scuoppo.

Pressa na execução da obra


A pressa na execução costuma ser o erro mais comum em uma obra. Pode ser o caso do viaduto que desabou em Belo Horizonte. Em uma construção, o concreto precisa ser moldado e escorado por uma estrutura de metal ou de madeira. Ele fica em repouso até criar resistência suficiente para suportar seu próprio peso e o que vai carregar — o tempo de cura. Caso esse tempo não seja respeitado, a estrutura tende a deformar e cair. "Uma testemunha relata ter ouvido um estalo. Isso mostra que pode ter havido uma ruptura brusca na estrutura, em consequência da retirada do escoramento antes que o concreto tenha atingido a resistência", explica Cristiana Furlan Caporrino, professora da faculdade de engenharia da Faap e mestre em engenharia de estruturas pela USP. "É preciso que os projetos sejam menos sacrificados em virtude dos prazos apertados. Às vezes a técnica é colocada em xeque para atender outras necessidades."

Falta de fiscalização


Durante a execução da obra, diariamente engenheiros e mestres de obra devem vistoriar se todos os passos do projeto estão sendo seguidos à risca. Caso detectem deformidades e irregularidades, podem solicitar ajustes estruturais. "Em regra, antes de um viaduto cair, ele apresenta deformações, estalos e fissuras anormais que indicam algum problema", diz Kurt Amann, coordenador do curso de engenharia civil do Centro Universitário da FEI.

Irregularidades na construção dos pilares


Os pilares, com ajuda das vigas, sustentam todo o peso da laje. Assim, se a fundação da obra tiver sido malfeita ou mal dimensionada, o pilar pode "afundar" (recalcar, no jargão da engenharia) e deslocar o centro da força da laje. Isso pode ocasionar a ruptura ou deslocamento do apoio das vigas mestres e levar a estrutura do viaduto à ruína.

Falhas no apoio entre os pilares e suas vigas de sustentação


A união das lajes e dos pilares é feita pelas vigas de sustentação. Se o cálculo não estiver perfeito ou se materiais não previstos no projeto forem utilizados, essa estrutura pode ceder, fazendo com que as vigas e consequentemente as lajes se soltem do pilar. "A queda do viaduto pode ter sido ocasionada por essa falha", afirma José Bento Ferreira, vice-chefe do departamento de engenharia civil da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Fontes: Cristiana Furlan Caporrino, professora da faculdade de engenharia da Faap e mestre em engenharia de estruturas pela USP; José Bento Ferreira, vice-chefe do departamento de engenharia civil da Universidade Estadual Paulista (Unesp); Kurt Amann, coordenador do curso de engenharia civil do Centro Universitário da FEI; Rubens Scuoppo, engenheiro civil e consultor. 

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/engenheiros-explicam-o-que-pode-ter-causado-desabamento-de-viaduto-em-bh

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