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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Concentração urbana e a poluição sonora - Instituto de Engenharia

POR SCHAIA AKKERMAN

Publicado em 30 de junho de 2014


Fonte: http://maispinhais.com.br/2012/05/poluicao-sonora/

Analisando o que acontece em outras parte do mundo, especialmente na China atual, onde a concentração de habitantes das cidades está chegando a 1 bilhão de pessoas no ano de 2030, vemos que entre nós no Brasil, o poder público não se manifesta sobre a questão. 

Dentro desta perspectiva de concentração inevitável “a poluição nas cidades se agrava” perante a forte migração do campo para as mesmas e de outros fatores ambientais. A concentração do consumo nas metrópoles cria problemas como do abastecimento de água, transportes, energia e demais itens já muito conhecidos que misturam-se fortemente com aumento da “poluição sonora” junto às residências e demais locais de uso. Já dizia meu professor da Poli, Eng. José Carlos de Figueiredo Ferraz, ex-prefeito, que São Paulo precisava parar, e a este respeito é preciso entender à que ele se referia: 

- “não quanto ao progresso, ou a cultura, mas sim referindo-se a concentração populacional”. 
Mais veículos trafegando, mais gente morando empilhados um sobre os outros em apartamentos. 

O Brasil, e especialmente São Paulo, com tantas áreas livres e disponíveis na direção norte, sul, leste, oeste dos municípios, não pode se permitir a entrar nessa, especialmente quanto ao excesso de tudo. 

No meio do aumento do ruído urbano, dentro das casas, na rua, no comercio e em demais usos ocorreu o grande apoio na edição recente da Norma ABNT NBR 15575/13 – Desempenho na Construção Habitacional visando impedir a degradação da qualidade de vida dentro das habitações onde a isolação do ruído, tanto externo como interno é a grande preocupação. 

Outrossim, com tantas áreas ainda desabitadas no Brasil ao contrário de países como na Europa, (Holanda, Bélgica e outros), ocupando pequenas extensões de superfícies. A implantação de Brasília pelo presidente Juscelino Kubitschek é bom exemplo sobre o que estamos escrevendo. 

A adoção de incentivos fiscais a níveis federais, estaduais, por exemplo, para construção de shoppings, praças esportivas e outras iniciativas semelhantes, teria o dom de diluir a população de modo a amenizar esta tendência de concentração urbana, não esquecendo de controlar-se e planejar estas novas implantações. 

Teremos menos ruído, menos necessidades que hoje em dia, ultrapassam qualquer previsão. É preciso adotar uma política a longo prazo extremamente eficaz quanto aos resultados na urbanização e qualidade de vida das populações. Não é possível pensar somente no presente. Existe uma grande timidez dos governos a respeito. 

“Quanto menor a concentração populacional, menores os problemas” esta é uma premissa bem conhecida. 

O poder público poderia proporcionar às novas áreas, infraestrutura com melhor planejamento urbano fornecendo energia elétrica, abastecimento de água, saneamento, estradas e a iniciativa privada, “incentivada”, se encarregaria de ocupar as áreas neste imenso país rico de natureza pródiga, implantando a longo prazo (10 a 50 anos ou mais) os novos conglomerados livres dos excessos, mas sob planejamento permanente e com menos ruídos e certamente haveria retorno com o recolhimento de alguns impostos como o do consumo de mercadorias. 

Temos por exemplo a recente organização por parte da “ProAcustica” de realização do encontro em que o objetivo principal é o de obter o mapeamento sonoro da cidade que possibilitará o controle dos excessos de ruídos na área de concentração populacional como a de São Paulo 1ª Conferencia Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora. Assim sendo, além da preocupação imediata tem-se que adotar uma política a longo prazo visando deslocamento planejado e controlado da população urbana para outras áreas desocupadas de forma adequada e não indiscriminada. 

Ao mesmo tempo em que nos preocupamos em amenizar os problemas urbanos atuais temos que planejar adequadamente as situações de vida no futuro; o que não está sendo feito a contento. 

Estamos hoje sofrendo as consequências do que não foi feito a 30 e 50 anos atrás. Não podemos repetir este erro de esquecer os próximos porque fomos esquecidos. Precisamos ocupar as áreas livres existentes com incentivos do poder público e não continuar, no futuro, a vivermos empilhados sob incidência constante das dificuldades. Todos os dias vemos lançamentos no município de São Paulo de mais e mais torres residenciais atendendo a uma legislação e orientação ultrapassadas no tempo e sempre aumentando o nível de ruído ambiental e sem falar nas outras questões impactantes na qualidade de vida. 

SCHAIA AKKERMAN

Engenheiro Mecanico Eletricista/1952 e Engenheiro Civil/1955, pela Escola Politécnica da USP. Coordenador da Divisão de Acústica do Instituto de Engenharia.

Texto extraído do site Instituto de Engenharia, imagem extraída do site Mais Pinhais.


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