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terça-feira, 19 de julho de 2016

Projeto de estrutura metálica de clube que valoriza a Paisagem!

Bloco Arquitetos . Volta Redonda, RJ . 2013/2016

Equipe do Bloco Arquitetos projeta Clube em Alphaville de Volta Redonda, RJ, com estrutura metálica

POR MARIANA SIQUEIRA FOTOS HARUO MIKAMI
Edição 269 - Agosto/2016


O terreno do clube faceia um vale ladeado por morros que se estendem rumo ao horizonte. Valorizar a paisagem passou a ser um dos pontos de partida na definição do partido arquitetônico. Com o intuito de manter a vista tão livre quanto possível, a equipe projetista optou por fazer uma construção transparente: um longo bloco linear com as vedações predominantemente de vidro. Assim, a vista por sobre o vale pode ser usufruída tanto por quem está dentro do edifício quanto por quem está fora dele. 
Apesar de situado a meros 15 minutos do centro da cidade, o novo condomínio residencial Alphaville de Volta Redonda, RJ, encontra-se entre montanhas praticamente livres de interferências edificadas. O projeto de urbanização reservou, como de costume, as porções menos acidentadas para os lotes residenciais e, para a área de lazer e convívio entre os moradores, disponibilizou um terreno no limite da gleba, mais inclinado, com um desnível total de mais de 15 m. "As dificuldades podem ser benéficas para os projetos", adianta Daniel Mangabeira, sócio do Bloco Arquitetos, escritório brasiliense responsável pelo projeto do clube do condomínio.
Outra condicionante importante para a determinação do partido arquitetônico foi o fato de o projeto ter sido feito à distância. A aposta do Bloco Arquitetos foi a utilização do aço no esqueleto da edificação. Com ele, o projeto de estruturas teve de sair completamente fechado e detalhado do escritório em Brasília, deixando pouca ou nenhuma margem para ajustes. Além disso, o aço permite uma montagem fácil e rápida na obra: em apenas uma semana, a estrutura estava de pé.
Pela mesma razão, os arquitetos deram preferência a outras técnicas construtivas industrializadas, apoiando- se mais em produtos de mercado do que em processos artesanais de construção. Essa, aliás, é uma premissa de projeto da empresa responsável pelo condomínio que, por lidar com obras espalhadas pelo País, prefere evitar depender de procedimentos dos quais tem pouco controle. Assim, o clube do condomínio, apesar de não ser 100% industrializado, tem esse caráter. Sua estrutura metálica bruta, aparente, dialoga com o epíteto Cidade do Aço, conferido a Volta Redonda por ser sede da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Isso em uma cidade em que, ironicamente, quase não são encontradas edificações com esqueleto de aço.
O emprego da estrutura metálica trouxe ainda outra vantagem: a possibilidade de fazer ajustes no programa de necessidades - algo que depende de inesperadas demandas dos clientes - ao longo de todo o processo de desenho, mesmo quando o projeto do edifício já estava relativamente adiantado. Aqui, à técnica construtiva somaram-se um forte sentido de independência entre a estrutura e as vedações, e uma clara lógica de modulação. Assim, os diferentes ambientes podiam ser rearranjados (implicando inclusive uma variação da área total da edificação) sem causar perturbações no partido e na composição da arquitetura, o que conferiu grande fluidez ao processo de desenho.
Mesmo com as idas e vindas do programa de necessidades, um item era fundamental para os arquitetos: que o edifício fosse transparente e que, portanto, predominassem as vedações de vidro na forma de aquários com proporções variáveis sob a grande cobertura da construção. Por isso, os ambientes que realmente demandam privacidade, notavelmente os sanitários, foram feitos de alvenaria nas extremidades do grande bloco linear, liberando o uso do vidro no restante do espaço. Se a transparência do edifício visava a valorizar a paisagem, foi das próprias montanhas que recebeu o aval definitivo para se materializar: graças ao relevo do entorno, o sol se põe mais cedo que o de costume no terreno em questão. Com isso, são evitados os raios horizontais do fim da tarde e o edifício fica protegido desse excesso de radiação.
O salão de festas recebeu um acréscimo no pé-direito de modo a ter sua importância ressaltada. Aqui, sim, foi necessário prever dispositivos extras de proteção contra incidência solar direta, na forma de brises horizontais que funcionam como um prolongamento da estrutura metálica. Tais elementos voltam a aparecer em outras partes do edifício, mas desta vez mais com o intuito de acentuar a horizontalidade da composição geral e de entremear um pouco de céu à edificação. "De certa forma, a transparência do térreo se prolonga pela cobertura", revela Daniel.
"A ideia era ter dois elementos principais: pódio e pavilhão - uma composição clássica", conta Matheus Seco, sócio do Bloco Arquitetos, referindo-se ao térreo e à cobertura, respectivamente. De fato, o térreo é estruturado sobre muros de arrimo voltados para o vale, que configuram dois distintos platôs: um para a arquitetura e outro para a piscina/churrasqueira. O resultado são vistas desimpedidas para todos os usuários, estejam eles nas áreas cobertas ou naquelas descobertas. Locar as quadras esportivas no inclinado terreno, mantendo sempre a orientação solar adequada, foi um desafio a parte, superado a partir de um escalonamento interconectado por rampas.
Pódio e pavilhão têm materialidades bem características: no pódio, pisos, arrimos, rampas e escadas foram revestidos com a mesma placa de concreto; no pavilhão reina a robustez da estrutura metálica aparente. O forro da cobertura, de madeira ipê, logra trazer um toque cálido e natural que aproxima a edificação à atmosfera residencial que a circunda.
Assim, a arquitetura dialoga com seu entorno em diversas escalas: seja na menção ao caráter doméstico do empreendimento, na proporção e no tratamento dos ambientes internos; seja na afirmação da história da cidade, na forma de uma rara e potente estrutura de aço; seja na reverência à paisagem circundante, pela horizontalidade da composição, que não deixa dúvidas a respeito da primazia e da importância das montanhas por aquelas bandas.
ERECTOR SET
Despite being situated a mere 15 minutes from the city center, the new Alphaville residential condominium in Volta Redonda, Rio de Janeiro State, is encountered among mountains practically free of building interferences. The urbanization project reserved the least rugged portions for the residential lots and, for the collective, leisure area for dwellers, provided a more sloped area, with a total pitch of more than 15 m, at the edge of the field. With the intention of keeping the view as open as possible, the design team chose to make a transparent construction: a long, linear block with predominantly glass curtain walls. Another important condition was the fact of the project having been made long distance. The bet made by Bloco Arquitetos to guarantee execution control was the use of steel in the building framework. Thus, the structural project was sent out closed and detailed from the office in Brasilia, leaving little or no margin for on-site adjustments. For the same reason, the architects gave preference to other industrialized construction techniques by relying more on market products than hand-crafted construction processes. The employment of a metal structure even carries another advantage: making adjustments in the utilities program - something dependent on unexpected demands from clients - along the design process. Here, a strong sense of independence between the structure and the curtain walls, and clear modulation logic is added to the construction technique.

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