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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Criado pelo Studio Fuksas, complexo monumental La Nuvola em Roma, na Itália, tem volumetria ortogonal em referência à arquitetura racionalista da década de 1930

Publicado por: aU

Escrito por: CARINE SAVIETTO FOTOS: LEONARDO FINOTTI

Edição 274 - Janeiro/2017


"Eu estava no litoral. Nuvens eram sopradas rapidamente pelo céu por um vento forte. Conforme eu olhava para elas, me lembrei de um sonho que eu havia tido, que envolvia construir um prédio sem nenhuma forma cristalizada." É com essa imagem idílica que o arquiteto Massimiliano Fuksas evoca o momento em que teve a ideia decisiva para o desenho do Nuovo Centro Congressi, o novo centro de convenções de Roma, não por acaso apelidado de La Nuvola ("A Nuvem", em italiano).
Assinado por ele e Doriana Fuksas, sua mulher e sócia no Studio Fuksas, o complexo combina a aura poética com números impressionantes. Com 55 mil m², segundo os autores, é a maior construção erguida na Itália nos últimos 50 anos. Foi inaugurado em outubro de 2016, mas sua história começou bem antes, em meados de 1998, quando teve início o concurso público para a criação do espaço, cujo júri foi presidido por Norman Foster. Aprovada em 2004, a proposta definitiva conta com auditórios e salas de exibição com capacidade total para mais de 8 mil pessoas, além de um hotel com quase 500 quartos.
Localizado no sul da região central de Roma, no distrito de EUR, o conjunto ostenta, externamente, linhas simples e ortogonais, seguindo os preceitos da arquitetura racionalista italiana da década de 1930, que domina o bairro. Eis a razão de o edifício principal se apresentar, simplesmente, como um grande invólucro, uma caixa feita com dupla camada de vidro, aço e concreto armado. Mas é internamente que a mágica acontece: entre o chão e o teto dessa caixa, repousa a nuvem sonhada por Fuksas, uma tensoestrutura translúcida e sem forma definida. À noite, quando ela é iluminada, a fachada do prédio adquire uma vibração totalmente nova - pendendo muito mais para o estilo futurista do que para o racionalista.
ESPACIALIDADE SETORIZADA
Em La Nuvola, o percurso dos visitantes começa em uma escadaria acessada do nível da rua, que leva ao foyer principal do edifício, no subsolo. A partir desse ponto, o saguão desemboca no auditório principal, que acomoda mais de 6 mil pessoas. Os pavimentos subterrâneos abrigam um restaurante, quatro salas de reunião com capacidade para 100 pessoas cada, cerca de 1.100 m² destinados a escritórios, áreas de armazenamento e estacionamento com mais de 600 vagas.
A partir do foyer, outra opção é subir em uma escada rolante até o térreo, que se revela como uma imensa praça pública de 7.500 m². Com piso de travertino, a área é banhada pela luz natural graças à transparência da caixa envidraçada que a circunda. Na camada externa da fachada, foi empregado vidro laminado extraclaro, que oferece máxima transparência; já na camada interna e na cobertura, a opção recaiu sobre o vidro insulado com fator de proteção solar, que desempenha um papel essencial para o conforto térmico da edificação.
No céu dessa praça está a nuvem, estrutura metálica independente - presa lateralmente à face interna da fachada em pontos estratégicos - e revestida com 15 mil m² de uma densa membrana de fibra de vidro com tratamento antichamas à base de silicone. Escadas rolantes e passarela levam ao seu interior, que oferece auditório para 1.800 pessoas, salas de exibição menores, áreas de convivência, bares e cafés dispostos em cinco pisos.
O complexo inclui ainda duas praças ao ar livre e um prédio autônomo que agrega um hotel com 439 quartos, spa e mais restaurantes. Trata-se de um edifício de 17 andares, com estrutura mista de aço e concreto armado, e fechamento com painéis de vidro insulado com proteção solar.
ESPACIALIDADE SETORIZADA
Erguido com 37 mil toneladas de aço - o equivalente a quase cinco torres Eiffels -, o complexo conta com um rigoroso sistema à prova de terremotos. Para começar, a rigidez vertical da estrutura dos prédios torna-os imunes a pequenas e grandes ondas sísmicas. O principal fator de resistência, no entanto, é a utilização de isoladores sísmicos na fundação das edificações, tecnologia de amortecimento que aumenta a capacidade de deformação dos elementos estruturais, separando a construção da vibração do solo: o sistema oferece baixa rigidez vertical, que permite grandes oscilações com baixa aceleração durante os tremores mais violentos e, ao mesmo tempo, alta rigidez horizontal, que protege contra os efeitos de terremotos mais leves.
O projeto também se pauta em conceitos de sustentabilidade, principalmente no que diz respeito à produção e à manutenção de condições ideais de temperatura. A climatização é feita com uma bomba de calor geotérmica reversível, capaz de oferecer resfriamento no verão e aquecimento no inverno com um baixo consumo energético. Além disso, painéis fotovoltaicos instalados na cobertura não só ajudam a produzir energia, como também protegem o edifício do superaquecimento por meio da mitigação da radiação solar. Outra estratégia ecofriendly foi a implementação de um sistema de captação, filtragem e reúso de água da chuva.
A perspectiva é de que esse centro de negócios atraia para Roma, anualmente, de 300 a 400 milhões de euros. Para os arquitetos, no entanto, a principal expectativa é a de que La Nuvola se integre como um novo e importante marco no tecido arquitetônico da cidade.

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