Autores, alunos:
André Falcão Lourenço
Carolina Furtado Pereira da Silva
Joana Alexandra Silva Duarte
Mário André Magalhães Silva
Pedro Guilherme de Sousa Pinto
Ano Letivo: 2010/2011
Salto com vara é uma modalidade de atletismo em que os desportistas usam uma vara longa e flexível para se elevarem e transporem um sarrafo horizontal. A energia cinética obtida na corrida é transformada em energia potencial elástica que é armazenada na vara quando esta flete, sendo posteriormente usada para elevar o corpo do atleta para que este possa transpor o sarrafo. As figuras a seguir representam a modalidade, a técnica e o equipamento atual usados.
Fonte:
Fonte: COB/Exemplus/Flávio Florido
O salto com vara é uma das poucas categorias do atletismo nos quais a
evolução dos materiais usados no equipamento tem tido uma influência
significativa no desempenho e resultados dos atletas.
Para demonstrar esta influência, analisou-se o seguinte gráfico (Froes and
Haake, 2010) que apresenta os resultados dos atletas masculinos vencedores da
modalidade nos Jogos Olímpicos de 1896 a 1996. A análise foi feita tendo
atenção aos materiais dos quais as varas utilizadas eram feitas.
Através da análise do gráfico apresentado pode-se verificar que, em apenas 100 anos,
a altura atingida pelos atletas nesta modalidade, aumentou de 3.30 m a 5.92 m.
Inicialmente as varas eram feitas madeira.
Técnica do salto com vara com
varas que não permitiam a sua deformação e técnica atual
Em 1904, este material foi substituído
pelo bambu, já que este é mais leve, mais flexível, mas igualmente resistente.
Esta mudança permitiu melhorias de aproximadamente 200 mm na altura
atingida pelos atletas.
No final dos anos 50, as varas passaram a ser feitas de alumínio pois este
material, embora mais denso, permite a fabricação de varas tubulares com
paredes de espessuras ajustadas aos requisitos dos especialistas e sem grandes
restrições de comprimento. No entanto, não se verificaram melhorias
significativas nas performances dos atletas e rapidamente, em 1964,
introduziram-se na modalidade as varas de compósitos de fibra de vidro. Como é possível observar no gráfico, esta data coincide com uma
melhoria de, aproximadamente, 400 mm e marca o início de uma nova era de
recordes na modalidade.
O compósito de fibra de vidro é composto por aglomeração de finíssimos
filamentos de vidro altamente flexíveis aglomerados por uma resina. A
combinação dos dois constituintes torna-o altamente resistente à tração,
flexão e impacto, todas condições necessárias à criação de uma boa vara. O novo material tem uma menor densidade do que bambu, característica
que permitiu obviamente que as varas se tornassem mais leves. Quanto mais leve for a vara, maior é a velocidade adquirida pelos atletas
na corrida e, por isso, maior a altura atingida. Trata-se, de fato, um material flexível que tem
grande capacidade de absorver a energia cinética
adquirida pelo atleta na corrida , devolvendo-a,
sem grandes perdas, quando volta à posição inicial.
O comportamento de uma vara durante o salto está
representado na figura a seguir.
O desenvolvimento das varas de fibra de vidro, levou a um enorme
aperfeiçoamento da técnica permitindo uma maior altura de pega e
permitindo que os atletas transponham o sarrafo com os pés para cima. Estes dois
fatores contribuíram substancialmente para as melhorias verificadas
Comportamento de uma
vara durante o salto
Mais recentemente, os compósitos de fibra de carbono têm sido também
usados nas varas. A adição deste material permite que o peso da vara diminua
sem que isso afete as suas propriedades mecânicas. As varas são, hoje em dia,
construídas por um compósito de fibra de carbono e fibra de vidro em várias
camadas como se verifica na figura abaixo.
Camadas de diferentes fibras que compõem uma vara
A área de queda foi também objecto de melhorias que afetaram as
performances. A partir desta data, a introdução dos colchões, mais flexíveis e que
permitem o amortecimento da queda, levou a uma diminuição das lesões e a uma
maior confiança dos atletas (que esteve também na base de melhoria dos
resultados). Em conclusão, a performance dos atletas de salto com vara sofreu uma
evolução positiva para a qual terá certamente contribuído o aperfeiçoamento da
vara, no que diz respeito aos materiais e à técnica de fabricação, bem como no que
diz respeito à área de queda.
No entanto, é importante referir que, grande parte das melhorias
observadas foram atingidas durante períodos em que o material de que eram
feitas as varas não foi modificado. Isto permite concluir que, embora os materiais
utilizados tenham grande influência nos resultados, a melhoria nas técnicas de
treino, nutrição dos atletas, estado emocional tem um papel preponderante na
evolução do esporte.
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