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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Produzido parcialmente com refugo de pneus de caminhão, o asfalto-borracha é alternativa sustentável para pavimentação de rodovias no Sul do país

Publicado por Indústria Hoje

Dirceu Neto

Edição 71 - Junho/2017
GUILHERME PUPO/ECOVIA
Desde 2008, a Ecovia, concessionária do grupo EcoRodovias, utiliza o asfalto-borracha (ou ecológico) na recuperação de pavimentos da BR-277, que liga Curitiba ao litoral do Paraná. O material apresenta diversas vantagens, como maior durabilidade e elasticidade. Além disso, há o fator positivo de ser ecológico, uma vez que para sua fabricação são utilizados pneus descartados de caminhões.
Segundo Alexandre Santos, gerente de engenharia da concessionária, apesar de o produto ter chegado ao Brasil em 2001, a empresa só passou a utilizá-lo sete anos depois, quando a tecnologia começou a se tornar mais viável tecnicamente e economicamente.
A escolha do material se deu por diversos motivos. O primeiro deles era o fator ecológico, que estava alinhado com a missão do grupo de empreender negócios sinérgicos e sustentáveis em infraestrutura logística. O asfalto-borracha é fabricado com 15% a 20% de pó de borracha moída de pneus de caminhões descartados, que não teriam reúso.
Para ter uma ideia do impacto que a escolha pode causar, somente no ano passado a Ecovia consumiu mais de 1,7 mil toneladas do asfalto-borracha, o que significa o uso de 238 toneladas de pó de pneu moído. Se considerado que cada pneu de caminhão produz cerca de 32 kg de pó moído, a aplicação do asfalto ecológico na rodovia BR-277 contribuiu para a reutilização de 7.500 pneus de caminhão em um ano.
GUILHERME PUPO/ECOVIA
Pó de borracha moída de pneus de caminhão descartados ganham reúso ecológico na pavimentação de rodovias. Somente em 2016, cerca de 7.500 pneus foram empregados na produção do material para a manutenção de trecho da BR-277, no estado do Paraná
Essa borracha de pneu em pó garante ao asfalto ecológico a principal das vantagens, quando comparado com o convencional: uma durabilidade 40% maior. "Com isso, a gente evita o trincamento precoce e o pavimento adquire uma vida útil maior", explica Santos, da Ecovia. Em outros termos, isso representa menos intervenções na BR-277 e menos impacto ao tráfego. "Ou seja, é menos obra travando a rodovia para o usuário", ressalta.
De acordo com o funcionário, o material também proporciona um pouco mais de aderência que o asfalto convencional. A empresa tem feito ensaios para quantificar essa característica. Se comprovada, pode significar a redução de acidentes, uma vez que o índice de aquaplanagem e, por sua vez, de derrapagens no asfalto-borracha seria menor.
A única ressalva é o preço, que ainda é um pouco maior do que o do asfalto convencional. No entanto, se antes a tecnologia chegava a ser 30% mais cara, hoje em dia essa diferença tem caído com o desenvolvimento da indústria. Em algumas praças, como o estado do Paraná, o valor cobrado pelo asfalto ecológico é quase o mesmo do convencional, segundo informa Santos. Decidir se a resistência compensa o custo maior de implantação do asfalto-borracha vai depender da análise do projeto técnico.
O maior desafio que a concessionária enfrentou desde que optou pela tecnologia foi a adaptação ao novo sistema. "No início, era um material diferente, então houve bastante dificuldade. A Ecovia precisou de um período de experiência, para evitar alguns insucessos", explica o engenheiro Santos, que garante que hoje a tecnologia já está totalmente assimilada pela empresa.
Alguns detalhes na fase de aplicação, por exemplo, foram corrigidos de acordo com o tempo. Como o asfalto-borracha não aceita muitas variações de temperatura, a atenção a esse detalhe passou a ser dobrada. "Ele tem que ser aplicado a uma temperatura que já vem determinada, e se não for aplicado a essa temperatura, não consegue rodar", afirma Santos.

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