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sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Anfiteatro com cobertura metálica de Paul Laurendeau é ícone da revitalização de antiga área industrial em Quebec, no Canadá

Por aU

Atelier Paul Laurendeau, Quebec, Canadá. 2016


Valentina Figuerola
Edição 281 - Agosto/2017

Desde 2000, a prefeitura de Trois-Rivières, em Quebec, no Canadá, passou a investir na requalificação de uma antiga área industrial nas margens dos rios São Lourenço e São Maurício. Considerado a obra-prima do plano, o anfiteatro ao ar livre projetado pelo arquiteto Paul Laurendeau, com sua monumental cobertura vermelha lapidada como uma pirâmide invertida, faz jus ao terreno com vista privilegiada, situado na confluência dos rios e próximo da ilha St. Quentin.
Com 7.200 m2 (80 m x 90 m), a cobertura paira sobre o solo sustentada por oito colunas metálicas de 26 m de altura. Sobrepostas a uma parede de concreto, letras de madeira pintada de preto com 6 m de altura formam o nome da cidade, que pode ser avistado a distância, inclusive à noite. Quando o sol se põe, o marco arquitetônico ganha um aspecto ainda mais majestoso por meio da iluminação, que realça o vermelho vibrante da cobertura. A luz que destaca a arquitetura também é refletida pelo rio, compondo um cenário ainda mais suntuoso.
Situadas na base das oito colunas metálicas, lâmpadas multivapores metálicos refletoras jogam a luz para cima, lavando as colunas até a cobertura, realçando formas e cores à noite. No total, são 12 lâmpadas, já que as quatro colunas principais também foram iluminadas pelo lado interno. A audiência, por sua vez, recebeu luminárias com lâmpadas halógenas presas às passarelas e inseridas em nichos, proporcionando zonas de iluminação dinâmicas e de intensidade variada.
O projeto de Laurendeau venceu um concurso lançado pela prefeitura de Trois-Rivières, em 2010. "Depois de ganhar o concurso, o maior desafio foi preservar o conceito arquitetônico, especialmente a escala, a forma e a altura da cobertura monumental, que é a marca registrada deste projeto", afirma o arquiteto. A construção foi finalizada em 2016, erguida em um terreno onde antes ficava uma fábrica de papel desativada.
Para preservar a forma da cobertura, foi reduzido de três para dois o número de passarelas técnicas suspensas. O bom desempenho acústico do conjunto, outro desafio do projeto, foi garantido pelos painéis de aço perfurado do forro, que evitam a reflexão do som e, consequentemente, a produção de eco direcionado para a audiência. "De acordo com as recomendações do consultor de acústica, para que o som seja adequadamente absorvido as perfurações dos painéis devem representar 51% da superfície", explica o arquiteto.
Outro elemento que melhora o desempenho acústico da cobertura são os painéis de lã de rocha de 51 mm, que ficam por trás dos painéis metálicos. Envoltos por um tecido de fibra de vidro preto, que oculta a cor esverdeada do material de isolamento, esses painéis acústicos também escondem a estrutura metálica da cobertura. "Se não houvesse esses painéis pretos acústicos por trás do forro metálico, a luz passaria e iluminaria a estrutura e terças metálicas da cobertura, expondo elementos que foram projetados para não serem vistos", acrescenta o autor do projeto de arquitetura.
A grande cobertura protege o palco e 3,5 mil assentos das intempéries. No gramado, a céu aberto, cerca de 5,2 mil pessoas também podem acompanhar os espetáculos que acontecem da primavera até o outono. No inverno rigoroso, uma gigantesca porta guilhotina fecha o palco como se fosse uma cortina e o espaço começa a ser usado para eventos para até 700 pessoas, como exposições, recepções, banquetes e reuniões públicas.
Acessado pela rua, o volume que abriga o foyer envidraçado de pé-direito duplo reflete o pôr do sol, acrescentando tons amarelados e alaranjados ao edifício cuja paleta de cores é restrita apenas ao vermelho e preto, além dos tons conferidos por materiais como o alumínio e concreto. Na torre cênica, o vermelho surge em três tonalidades com as "faixas" verticais de alumínio que se alternam com o preto, conferindo dinamismo à fachada. "Trata-se de uma linguagem arquitetônica contemporânea, monumental, geométrica e atemporal", explica Laurendeau.
ESTRUTURAL E FUNCIONAL
Multifacetado, em forma de pirâmide invertida, o forro escultural é formado por 4.502 painéis galvanizados vermelhos de aço perfurados, de 1,6 mm de espessura, que são atravessados pelo som, que, por sua vez, é absorvido pelos painéis de lã de rocha. Nos formatos triangular, trapezoidal ou retangular (813 mm x 1885 mm), os painéis metálicos são dobrados em 51 mm nas bordas para adquirir rigidez e favorecer o encaixe dos painéis de lã de rocha.
As vigas treliçadas da estrutura principal viabilizaram o vencimento de grandes vãos com o mínimo de apoio e a forma de pirâmide invertida, onde o centro tem 6 m de altura e as arestas, apenas 25 mm.

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