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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Como construir: sistema de coleta de águas pluviais

Por téchne

Tecnologia de retenção e armazenamento da água da chuva deve estar presente desde a fase inicial do projeto do edifício. No Brasil, a remediação é mais comum do que a inclusão desse item desde a fase da concepção

Dirceu Neto
Edição 245 - Agosto/2017

Park One Ibirapuera, o segundo residencial do Brasil a obter um selo AQUA-HQE. Na página ao lado, detalhamento do sistema de reutização de águas pluviais e águas cinzas concebido para o edifício
Com histórico relativamente recente no Brasil, os sistemas de coleta de águas pluviais são uma alternativa racional para os empreendimentos residenciais e comerciais aproveitarem a água, antes descartada, e diminuir os gastos com o abastecimento. Para isso, é importante que o projeto de aproveitamento seja considerado já na fase inicial e que a construtora também siga todos os procedimentos de acordo com a normatização existente.
A norma que rege a captação de águas pluviais é a NBR 15.527:2007 Água de Chuva - Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins Não Potáveis, como irrigação de jardins, uso em descargas sanitárias e lavagem de pisos. O documento estabelece as referências técnicas para os equipamentos, como reservatórios, calhas, instalações prediais, bombeamento, além da manutenção e qualidade final da água.
Como foi criada há dez anos, tem algumas defasagens. Uma delas seria atender às análises de coliformes totais e termotolerantes, conforme cita o engenheiro Plínio Tomaz, coordenador da formulação do texto. "Nós solicitamos para a ABNT a revisão da norma, o que deve ser feito ainda neste ano", explica o engenheiro, que ressalta também a importância de o projeto ser realizado por profissionais especialistas da área, como engenheiros, arquitetos ou tecnólogos.
Contar com bons profissionais no projeto ajuda a evitar problemas comuns, como o dimensionamento incorreto dos reservatórios ou o esquecimento do descarte da primeira vazão de água da chuva, o chamado first flush. "Quando chove, a primeira vazão de água tem que ser eliminada, porque há folhas, fezes de animais, toda a sujeira que estava no telhado. Devem ser descartados 2 l/m², segundo a ABNT", ressalta Plínio Tomaz.
Outro detalhe fundamental a ser considerado é a separação das prumadas com identificação, uma vez que a água de aproveitamento deve circular em tubulações independentes da água potável. "Isso parece óbvio, mas tecnicamente é importantíssimo reforçar, para que não haja tubulação cruzada", explica Sibylle Muller, diretora da AcquaBrasilis, empresa especializada em soluções hídricas.

Case 1: Park One Ibirapuera
O sistema de captação de água de chuva foi um dos recursos para o empreendimento Park One Ibirapuera, entregue em março de 2014, se tornar o segundo residencial do Brasil a obter um selo AQUA-HQE - certificação internacional concedida pela Fundação Vanzolini. O edifício atende aos 14 critérios do processo, que envolve desde a relação do empreendimento com o seu entorno até a gestão eficiente da água.
No imóvel em questão, toda a coleta de águas pluviais é realizada nas sacadas e nas lajes de coberturas, conforme explica Leonardo Sangiorgi, engenheiro civil responsável pela assistência técnica de São Paulo e Alphaville da Odebrecht Realizações Imobiliárias. Ao todo, a área de captação de água da chuva tem 260 m².
FICHA TÉCNICA
Park One Ibirapuera
Torre única - unidades com 4 dormitórios (sendo 3 suítes)
Localização Paraíso (São Paulo-SP)
Metragem 171 m² a 296 m²
Unidades construídas 50
Área do terreno 4.305,46 m²
Início da obra março de 2012
Entrega da obra março de 2014
Construção Odebrecht Realizações Imobiliárias
 SISTEMA DE TRATAMENTO E SEU PROCESSO
Há um processo de desinfecção realizado em uma tina de hipoclorito de sódio, que garante que a água possa ser utilizada para limpeza em áreas comuns. No caso do edifício Park One Ibirapuera, o sistema foi dimensionado para atender a até três regas completas de uma área de 1,7 mil m² de jardins. Como trata-se de água não potável e, por isso, imprópria para o consumo, todas as torneiras estão localizadas no térreo e identificadas com a cor roxa e uma placa de sinalização. "Somente quem tem acesso é o gestor do condomínio, que deve destravar o cadeado da torneira antes de utilizá-la. Ou seja, a água não é acessível aos condôminos", afirma o engenheiro Leonardo Sangiorgi.
 RESERVATÓRIO DE ÁGUA
Essa água é conduzida até a um reservatório de 7 mil litros, estrategicamente localizado no segundo subsolo do edifício. "Instalamos todo o sistema embaixo da rampa da garagem, uma área considerada morta, com cerca de 28 m²", explica Sangiorgi. O reservatório tem 2,50 m de diâmetro e nível de água máximo de 1,43 m, controlado por um sensor de nível tipo boia.
No detalhe, torneira de água não potável para rega de jardim
 MANUTENÇÃO
Para garantir a qualidade da água que é fornecida, há a necessidade de exames periódicos que medem a presença de coliformes, o nível de turbidez, a demanda biológica de oxigênio (DBO), entre outros aspectos. No empreendimento, a manutenção tem sido realizada mensalmente pela própria empresa fornecedora. "É igual elevador. Como é um sistema específico, a manutenção tem que estar atrelada ao fabricante", afirma Leonardo Sangiorgi. Ao todo, o custo de implantação tanto do sistema de coleta de águas pluviais quanto o da captação de águas cinzas foi de R$ 40 mil (cerca de 0,11% do custo da obra). Segundo a construtora, há expectativa de que o retorno do investimento ocorra em cerca de três anos e meio.
Divulgação/Odebrecht
Case 2: Scenarium Braz Leme
Há cerca de oito anos construindo empreendimentos com o sistema de aproveitamento de águas pluviais, a Tarjab entregou em junho deste ano o Scenarium Braz Leme, na Zona Norte de São Paulo, que tem um diferencial: o empreendimento aproveita a água da chuva para a irrigação dos jardins de maneira automatizada. Foi o primeiro empreendimento da construtora que utilizou esse tipo de sistema.
"Colocamos um temporizador no qual o síndico ou o zelador definem, de acordo com a questão da temperatura ou da quantidade de chuvas, os horários em que o sistema de irrigação vai funcionar", explica Sérgio Domingues, diretor técnico da Tarjab. Dessa maneira, não há necessidade de um funcionário fazer a rega dos jardins, o que otimiza a utilização da água.
FICHA TÉCNICA
Scenarium Braz Leme
Apartamentos de 2 e 3 dormitórios (sendo 1 suíte)
Localização Casa Verde (São Paulo-SP)
Metragem 65m² a 88m²
Unidades construídas 168
Área do terreno 3.097,68m²
Início da obra abril de 2015
Entrega da obra junho de 2017
Construção e Incorporação Tarjab
 SISTEMA TRADICIONAL DE COLETA E SEUS PROCESSOS
O sistema de coleta é o tradicional, constituído de condutores no último pavimento, que carregam a água da chuva para um reservatório no terceiro subsolo. "Em seguida, essa água passa por um sistema de filtração (filtro automático de vazão de 2 m³/h da AcquaBrasilis) e cloração (tina da Plastplex com hipoclorito de sódio líquido em concentração de 12%). Depois um sistema de pressurização vai encaminhar para alguns pontos de torneira que ficam estrategicamente localizados no subsolo e pavimento térreo", afirma Sérgio Domingues.
Área de descarte no condomínio Scenarium Braz Leme, na capital paulista
 RESERVATÓRIO DE ÁGUA
O volume do reservatório de águas pluviais é de 16 m³ e tem dimensão de 2,95 m de comprimento por 3,20 m de largura. A altura do tanque é de 1,65 m, e o nível da água pode chegar a 1,30 m. Caso o nível de água chegue ao valor mínimo, um sensor de reposição tipo boia faz a identificação e solicita o preenchimento do reservatório com água potável. Conforme destaca Sérgio Domingues, o custo desse sistema em relação ao custo total da obra gira em torno de 0,3%. "Lembrando que esse é um custo baseado em nosso processo construtivo e no padrão de obra já mencionados e pode variar, dependendo da tipologia do empreendimento e de suas respectivas características", explica o diretor técnico da Tarjab, que destaca que para a empresa a sustentabilidade é um caminho sem volta.
 SISTEMA TRADICIONAL DE COLETA E SEUS PROCESSOS
O sistema de coleta é o tradicional, constituído de condutores no último pavimento, que carregam a água da chuva para um reservatório no terceiro subsolo. "Em seguida, essa água passa por um sistema de filtração (filtro automático de vazão de 2 m³/h da AcquaBrasilis) e cloração (tina da Plastplex com hipoclorito de sódio líquido em concentração de 12%). Depois um sistema de pressurização vai encaminhar para alguns pontos de torneira que ficam estrategicamente localizados no subsolo e pavimento térreo", afirma Sérgio Domingues.
Área de descarte no condomínio Scenarium Braz Leme, na capital paulista
 RESERVATÓRIO DE ÁGUA
O volume do reservatório de águas pluviais é de 16 m³ e tem dimensão de 2,95 m de comprimento por 3,20 m de largura. A altura do tanque é de 1,65 m, e o nível da água pode chegar a 1,30 m. Caso o nível de água chegue ao valor mínimo, um sensor de reposição tipo boia faz a identificação e solicita o preenchimento do reservatório com água potável. Conforme destaca Sérgio Domingues, o custo desse sistema em relação ao custo total da obra gira em torno de 0,3%. "Lembrando que esse é um custo baseado em nosso processo construtivo e no padrão de obra já mencionados e pode variar, dependendo da tipologia do empreendimento e de suas respectivas características", explica o diretor técnico da Tarjab, que destaca que para a empresa a sustentabilidade é um caminho sem volta.

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