Um projeto com
o detalhamento adequado é o ponto de partida para uma boa execução evitando-se
patologias futuras. Alguns pontos críticos devem observados durante a elaboração
do projeto e execução da obra, conferindo a cada subsistema o correto desempenho,
minimizando a ocorrência de problemas.
As estruturas
em concreto armado com vedações em alvenaria são o processo construtivo mais
tradicional de edificações. A utilização de mão-de-obra desqualificada e a
baixa mecanização nos canteiros de obra resultam em elevados índices de
desperdícios de mão-de-obra, materiais, tempo, recursos energéticos, proporcionando
ainda poluição e consequente degradação ambiental.
Deve-se,
portanto, buscar a racionalização do processo aplicando-se princípios de construtibilidade,
desempenho e garantia de qualidade. Para tal são necessárias ações como:
detalhamento em projeto de forma clara para que seja bem interpretada pela
equipe de execução, comunicação entre áreas técnicas principalmente executiva e
projetista, implementação de técnicas construtivas adequadas às condições de
cada empreendimento, qualificação, treinamento e interação das equipes de
execução e projeto, melhoria na normalização, controle de qualidade,
alinhamento com suprimentos e rigoroso gerenciamento de obra e projeto.
O projeto deve
ser concebido tendo em vista: vãos verticais e horizontais da estrutura com a
modulação da alvenaria evitando-se o corte de blocos, modulação da alvenaria
com as aberturas para esquadrias de portas e janelas, posicionamento das
instalações com as características da alvenaria viabilizando a passagens dos
dutos pelos componentes, especificação de todos os materiais de construção
necessários incluindo traços indicativos de argamassas de assentamento e
encunhamento, memorial descritivo da construção, forma de locação das paredes,
execução dos cantos, escoramentos provisórios frente à ação dos ventos, forma
de fixação de marcos e contramarcos, necessidade de cintas ou pilaretes de
reforço para paredes com grandes dimensões, detalhes construtivos de ligações
com pilares. Para tal todas as disciplinas têm de estar criteriosamente
compatibilizada, processo este que deve ser iniciado na fase de projeto
conceitual evoluindo até finalização da execução.
É importante
também considerar-se em projeto que as lâminas de água sejam deslocadas
rapidamente das fachadas, para tal pode-se adotar detalhes construtivos como
beirais, pingadeiras, entre outros. Algumas outras recomendações devem ser
seguidas tais como: a espessura das paredes externas não deve ser inferior a 14
cm e estas devem ser revestidas, o projeto arquitetônico deve contemplar
detalhes que controlem o fluxo de água, adequada instalação de rufos nos
encontros de alvenarias externas paralelas, pois são importantes para evitar a
infiltração de água pelo topo das alvenarias, tratar adequadamente com selantes
elastoméricos todas as juntas, escolher o sistema de impermeabilização adequado
para alvenarias em contato com pisos laváveis, platibandas em terraços ou
varandas, vigas baldrames e fundações.
A seguir são
apresentadas diretrizes para a definição da sequência de execução de alvenaria
que devem ser contempladas em projeto:
· retardar
ao máximo o início da elevação tendo-se a estrutura deformada em pelo menos
dois pavimentos acima do qual será iniciada a alvenaria;
·
executar
as alvenarias a partir de pavimentos superiores;
·
retardar
ao máximo o início da fixação na estrutura, evitando-se prazos inferiores a 14
dias de sua execução, incorporando toda a carga permanente possível e
iniciando-se as fixações a partir dos pavimentos superiores;
·
para
a fixação de topo do último pavimento aguardar 30 dias após a execução da mesma
e fixar apenas após instalação do telhado ou isolamento térmico ou, quando não
for possível, executar isolamento térmico provisório e manter até a instalação
da cobertura prevista;
·
para
encunhamento pode-se utilizar cunhas de concreto pré-fabricadas, permitindo que
a alvenaria trabalhe rigidamente ligada à estrutura, tijolos cerâmicos maciços
inclinados e o preenchimento com argamassa expansiva, devendo-se analisar para
cada caso a solução mais adequada. Nas duas primeiras soluções o espaço entre a
alvenaria e a laje deve ser entre 10 cm e 15 cm, já na solução com argamassa
expansiva a distância deixada deve ser de 2 cm a 3 cm. A utilização de tijolos
cerâmicos maciços inclinados pode proporcionar problema na execução de um
revestimento racionalizado, por se tratarem de dois materiais diferentes e com
espessuras distintas;
·
Em
estruturas flexíveis, sugere-se a ancoragem superior das alvenarias com
insertos de aço fixados nas vigas ou lajes mediante furação, limpeza e colagem
com resina epóxi.
·
No
encontro de alvenarias com pilares de estruturas muito deformáveis devem
igualmente ser empregadas juntas flexíveis, para limitar a introdução de
tensões nas alvenarias pelas deformações das estruturas e para evitar destacamentos
em função das movimentações higrotérmicas do material da alvenaria. Sugere-se
aplicação de poliestireno expandido, poliuretano ou cortiça, sendo introduzido
sob pressão, apresentando espessura um pouco maior do que a folga. A ancoragem
destas alvenarias deve ser feita com tela metálica para evitar a transmissão de
esforços e minimizar o surgimento de fissuras.