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É uma quinta-feira nublada na pacata cidade de Capanema, no Paraná, próxima à fronteira com a Argentina, e a obra da construção da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu segue agitada, rumo à etapa final. Ao caminhar pelo canteiro, é possível notar que a estrutura de concreto da Casa de Força já está quase 100% concluída e o Vertedouro, com nove dos 16 vãos já construídos. Daqui a 15 meses, quando iniciar as operações, a usina deve gerar uma média de 168,2 MW.
Para entender os detalhes da obra, a capacidade e as dimensões da nova usina é preciso primeiro entender sua localização. A UHE Baixo Iguaçu é a última usina possível no Rio Iguaçu, no sudoeste do Paraná. Isso porque já há outras cinco no mesmo rio (Foz da Areia, Segredo, Salto Santiago, Salto Osório e Salto Caxias) e a recém-construída está encostada nos limites do Parque Nacional do Iguaçu, área de proteção ambiental.
“É o único lugar onde se pode construir. Se você pensar em termos de engenharia, o ideal é que ela ficasse mais para baixo. Custaria a mesma coisa, mas ganharia na questão da potência”, explica Carlos Martini, gerente de engenharia da Odebrecht, empresa contratada para a execução da obra.
Por isso, no arranjo concebido no projeto, o coroamento do barramento conta com aproximadamente 1.080 m de comprimento total. Na ombreira esquerda, está o circuito hidráulico de geração, que é formado por três tomadas de água, que são interligadas a cada uma das três turbinas do tipo Kaplan com eixo vertical. O Vertedouro está sendo construído no leito do rio, protegido atualmente por duas ensecadeiras. Na margem direita, será feito o fechamento, por meio de barragem do tipo enrocamento.
A UHE Baixo Iguaçu segue o conceito de fio d””””água: não possui um reservatório que possa ser utilizado em períodos de seca. “Existe um lago, mas não há variação linear no lago. Todo o volume de água que chega passa pela usina, não há acúmulo de água”, afirma Luis Fernando Rahuan, diretor de contrato da Odebrecht. Essa é considerada uma alternativa sustentável para a geração de energia, uma vez que reduz a estrutura das barragens e a dimensão dos alagamentos.
A execução
Começou em julho de 2013, com a implementação do canteiro de obras. Instalado na margem esquerda do rio, é como se fosse uma pequena cidade. Possui alojamentos e refeitório para os funcionários (em agosto de 2016 chegou ao pico de 2.628 pessoas), quadras poliesportivas, áreas de lazer, estação de tratamento de água, ambulatório médico, subestação e central de geração de energia de 2 MW e estação de tratamento de esgoto.
Começou em julho de 2013, com a implementação do canteiro de obras. Instalado na margem esquerda do rio, é como se fosse uma pequena cidade. Possui alojamentos e refeitório para os funcionários (em agosto de 2016 chegou ao pico de 2.628 pessoas), quadras poliesportivas, áreas de lazer, estação de tratamento de água, ambulatório médico, subestação e central de geração de energia de 2 MW e estação de tratamento de esgoto.
Além disso, há uma estrutura de centrais industriais formada por uma central de britagem com capacidade de 350 t/h, duas centrais de concreto, uma central de gelo para dosagem do concreto e locais para carpintaria, fabricação de pré-moldados e armação.
Assim que o canteiro foi devidamente implementado, a obra partiu para sua primeira etapa de construção, que foi a escavação do canal de desvio na margem direita do rio. É como se fosse um alargamento do rio, para manter as condições próximas às existentes e influenciar menos no fluxo, enquanto na margem esquerda foi instalada uma ensecadeira, espécie de barragem provisória para a contenção temporária da ação das águas no local onde seria construída a Casa de Força e Vertedouro.
Conforme explica Rahuan, as escavações, tanto do canal de desvio quanto da Casa de Força, foram feitas com perfuratriz em rocha e detonação e seguinlevaram cerca de dez meses. “A gente chegou a um pico de 70 caminhões trabalhando durante a etapa de escavação”, afirma o diretor de contrato, que também ressalta que o maior volume de escavações foi na Casa de Força.
Boa parte da rocha de escavação foi estocada na central de britagem e concreto e também utilizada para a construção da ensecadeira, que também é feita de solo (argila) com cascalho, que é o que faz a vedação. A ensecadeira é em formato de U, capaz de isolar a margem esquerda, permitindo à equipe de obra entrar no leito do rio e fazer a construção da Casa de Força e Vertedouro.
Cheia de 2014
Essa ensecadeira foi construída com um tempo de recorrência (TR) (ou período de retorno) de 100 anos. Isso quer dizer que a altura dessa estrutura foi calculada de tal forma que o rio poderia subir e passar por cima dela apenas uma vez em 100 anos, ou seja, 1% de probabilidade. “É um cálculo estatístico, não quer dizer que não possa acontecer amanhã”, afirma Rahuan.
Essa ensecadeira foi construída com um tempo de recorrência (TR) (ou período de retorno) de 100 anos. Isso quer dizer que a altura dessa estrutura foi calculada de tal forma que o rio poderia subir e passar por cima dela apenas uma vez em 100 anos, ou seja, 1% de probabilidade. “É um cálculo estatístico, não quer dizer que não possa acontecer amanhã”, afirma Rahuan.
Não foi exatamente no dia seguinte, no entanto, um mês após o término da ensecadeira, o Rio Iguaçu atingiu sua maior vazão já registrada desde o início da série histórica, iniciada em 1942, chegando a um volume de água na ordem de 32.000 m3/s. A cheia causou o rompimento da ensecadeira e alagamento dos recintos da Casa de Força e Vertedouro. A força da água foi tanta que levou embora um guindaste que já estava montado no canteiro.
“Outros rios têm o nível da água aumentado gradativamente, e muitas vezes dá tempo de tomar ações como altear uma ensecadeira e aumentar a proteção da obra. No nosso caso, a vazão aumentou mais de dez vezes em 24 horas. A prudência que a gente teve foi remover as pessoas e equipamentos para não ter um dano maior”, explica Augusto Castelo Branco, gerente comercial da Odebrecht. A ensecadeira teria contido essa vazão somente se tivesse sido projetada com 260 anos de recorrência.
Reconstrução
O fenômeno atrasou a obra em três meses e, quanto o rio voltou a sua vazão média, o trabalho foi de remoção dos escombros e reconstrução da ensecadeira, dessa vez mais alta. “Logo depois que a água baixou, reconstruímos uma ensecadeira para abrigar 12 vãos do Vertedouro. Porque a gente não conseguia construir a ensecadeira completa em cima daquele material todo que ficou ali no fundo do rio”, explica Rahuan.
O fenômeno atrasou a obra em três meses e, quanto o rio voltou a sua vazão média, o trabalho foi de remoção dos escombros e reconstrução da ensecadeira, dessa vez mais alta. “Logo depois que a água baixou, reconstruímos uma ensecadeira para abrigar 12 vãos do Vertedouro. Porque a gente não conseguia construir a ensecadeira completa em cima daquele material todo que ficou ali no fundo do rio”, explica Rahuan.
Dessa maneira, a solução foi fazer uma ensecadeia mais curta para 12 vãos do Vertedouro e uma complementação para abrigar os 16 vãos, construída sobre os remanescentes da ensecadeira destruída pela cheia. Assim, se houvesse uma nova cheia, a segunda ensecadeira seria levada, mas a obra estaria garantida pela primeira. Também foi construído um muro lateral, que no futuro vai fazer parte do Vertedouro, capaz de dar mais proteção à construção da estrutura da usina.
Casa de Força
Três anos depois e com grande parte da estrutura já erguida, fica até difícil imaginar o grau de destruição causado pela cheia de 2014. A Casa de Força, por exemplo, já está com 95% de sua estrutura de concreto concluída. “A parte de concreto de primeiro estágio, que é aquele que vai antes da montagem, está quase pronta. O concreto de segundo estágio, que é o concreto de envolvimento da turbina, ainda não está pronto e só será feito junto com a turbina”, destaca o diretor de contrato Luis Fernando Rahuan.
Três anos depois e com grande parte da estrutura já erguida, fica até difícil imaginar o grau de destruição causado pela cheia de 2014. A Casa de Força, por exemplo, já está com 95% de sua estrutura de concreto concluída. “A parte de concreto de primeiro estágio, que é aquele que vai antes da montagem, está quase pronta. O concreto de segundo estágio, que é o concreto de envolvimento da turbina, ainda não está pronto e só será feito junto com a turbina”, destaca o diretor de contrato Luis Fernando Rahuan.
Em uma obra desse porte, o conceito é um pouco diferente do conceito de cálculo estrutural. A fundação, por exemplo, é feita diretamente na rocha. Há também outras variáveis que devem ser calculadas para garantir a estabilidade da estrutura. “Funciona como um navio. Por exemplo, você tem que calcular a estabilidade dela para não flutuar, para não tombar e também deve ter um esforço de tombamento”, explica o gerente comercial Augusto Castelo Branco.
Em paralelo à estrutura de concreto, que já está praticamente pronta, está sendo feita a parte eletromecânica, envolvendo a montagem das três turbinas Kaplan, que serão posicionadas alinhadas. “Enquanto a civil está construindo [o concreto de segundo estágio], estou preparando [a montagem da turbina] na linha de montagem, explica Ricardo Tavares, gerente de montagem eletromecânica.
A linha de montagem fica na Área de Montagem (AM), que nada mais é do que um espaço reservado dentro da Casa de Força, onde a turbina é pré-montada. De lá, as peças são içadas por uma ponte rolante, que as levam para o local definitivo. “Quando você começa a obra, tem que estudar o tamanho do seu AM e saber quantas peças cabem nele. Então a civil vai avançando e a gente entra montando através da ponte rolante”, afirma Tavares.
Casa de Força
Três anos depois e com grande parte da estrutura já erguida, fica até difícil imaginar o grau de destruição causado pela cheia de 2014. A Casa de Força, por exemplo, já está com 95% de sua estrutura de concreto concluída. “A parte de concreto de primeiro estágio, que é aquele que vai antes da montagem, está quase pronta. O concreto de segundo estágio, que é o concreto de envolvimento da turbina, ainda não está pronto e só será feito junto com a turbina”, destaca o diretor de contrato Luis Fernando Rahuan.
Três anos depois e com grande parte da estrutura já erguida, fica até difícil imaginar o grau de destruição causado pela cheia de 2014. A Casa de Força, por exemplo, já está com 95% de sua estrutura de concreto concluída. “A parte de concreto de primeiro estágio, que é aquele que vai antes da montagem, está quase pronta. O concreto de segundo estágio, que é o concreto de envolvimento da turbina, ainda não está pronto e só será feito junto com a turbina”, destaca o diretor de contrato Luis Fernando Rahuan.
Em uma obra desse porte, o conceito é um pouco diferente do conceito de cálculo estrutural. A fundação, por exemplo, é feita diretamente na rocha. Há também outras variáveis que devem ser calculadas para garantir a estabilidade da estrutura. “Funciona como um navio. Por exemplo, você tem que calcular a estabilidade dela para não flutuar, para não tombar e também deve ter um esforço de tombamento”, explica o gerente comercial Augusto Castelo Branco.
Em paralelo à estrutura de concreto, que já está praticamente pronta, está sendo feita a parte eletromecânica, envolvendo a montagem das três turbinas Kaplan, que serão posicionadas alinhadas. “Enquanto a civil está construindo [o concreto de segundo estágio], estou preparando [a montagem da turbina] na linha de montagem, explica Ricardo Tavares, gerente de montagem eletromecânica.
A linha de montagem fica na Área de Montagem (AM), que nada mais é do que um espaço reservado dentro da Casa de Força, onde a turbina é pré-montada. De lá, as peças são içadas por uma ponte rolante, que as levam para o local definitivo. “Quando você começa a obra, tem que estudar o tamanho do seu AM e saber quantas peças cabem nele. Então a civil vai avançando e a gente entra montando através da ponte rolante”, afirma Tavares.
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